Por uma Igreja sempre mais profética
Com o lançamento deste portal, a Agência de Notícias SIGNIS dá início a um projeto ousado e que, para a glória de Deus, esperamos se torne um marco na trajetória na prática comunicacional da Igreja no Brasil. De fato, é uma ousadia iniciar as atividades de uma agência de notícias especializada em Igreja num contexto cultural, social, político e econômico brasileiro marcado pela crise generalizada, especialmente agravada com a pandemia de Covid-19.
Mas, a SIGNIS Brasil, associação de comunicação católica que protagoniza essa iniciativa, aposta na sua vocação de fazer a diferença no que diz respeito à comunicação, com especial atenção ao jornalismo. Não apenas porque reúne profissionais competentes e comprometidos com a ética jornalística, mas por fundamentar a sua missão na causa do Evangelho e na construção da cultura da paz, como diz o lema dessa entidade.
Com efeito, primeiramente, é o empenho na fidelidade a essa missão que faz os profissionais associados à SIGNIS acreditarem na viabilidade do projeto de uma agência de notícias que vá além do que poderia se esperar de uma iniciativa desse tipo. Mas não só. Isso significa dizer que, para além de suas capacidades e recursos, a SIGNIS conta com a ação de Deus, cujos sinais já têm sido revelados aos poucos, desde que esse projeto começou a ser concebido.
Em termos de linha editorial, duas perspectivas orientam basicamente o projeto da Agência SIGNIS: disponibilizar espaço para as vozes de uma Igreja profética que, tanto denuncia tudo aquilo que contradiz a construção do Reino de Deus quanto anuncia a sua realização, sobretudo mediante narrativas pessoais e coletivas que são testemunho concreto dessa missão.
"...para que a Agência realize coerentemente o seu trabalho, embora queira dar voz à Igreja, ela necessita caminhar de forma autônoma e independente, sem o qual o seu fazer jornalístico estaria comprometido..."
Nesse segundo aspecto, enfatizo a nossa atenção especial a personagens que, em geral, não têm espaço, muitas vezes, nem na própria imprensa católica, mas cujo testemunho é fundamental para garantir a sustentação da vida da Igreja. Portanto, contar a história desses atores anônimos é um compromisso particular da nossa Agência.
Essa iniciativa, vale dizer, vai ao encontro da intenção central do papa Francisco ao propor a Assembleia Eclesial Latino-Americana, agendada para o final deste ano: essa deve contar com a participação de representantes de todo o Povo de Deus, o que significa incluir a todos os segmentos da Igreja: crianças, jovens, adultos, pessoas idosas, leigas e leigos, religiosos e religiosas e membros do clero, de todas as regiões do País, de pastorais, movimentos e comunidade eclesiais, entidades e organismos e assim por diante. Com efeito, não se trata de democratizar a ação da Igreja, mas de favorecer a sua sinodalidade, a comunhão e a participação dos fiéis, o que é vital para a unidade e testemunho coerente da comunidade eclesial.
Isso implica também deixar claro que, para que a Agência realize coerentemente o seu trabalho, embora queira dar voz à Igreja, ela necessita caminhar de forma autônoma e independente, sem o qual o seu fazer jornalístico estaria comprometido. É evidente que sua ação implica uma parceria direta com os diferentes organismos eclesiais, a começar pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), aliás, uma de nossas principais incentivadoras. Mas parceria não significa submissão e sim diálogo, cooperação e, quando necessário, questionamento recíproco.
Com efeito, uma comunicação dialógica é outro compromisso que queremos estabelecer com todos a quem nos dirigimos com a nossa produção jornalística que, com o tempo, será sempre mais variada no conteúdo e nos formatos. Isso significa afirmar o nosso compromisso de acolher as sugestões e críticas ao nosso trabalho, buscando atendê-las sempre que possível e desde que as julgarmos pertinentes. Nesse sentido, desde já, esperamos contar com o apoio especial de alguns grupos da própria Igreja dedicados à reflexão sobre a mídia para nos auxiliar, fazendo uma leitura crítica dos conteúdos produzidos pela Agência. Isso será especialmente importante nesse início dos nossos trabalhos, período que chamamos de fase experimental.
Gostaria de registrar também que, temos buscado assumir compromissos segundo as nossas possibilidades atuais. No entanto, nossas metas implicam crescimento, o que inclui um aumento na nossa força de trabalho e recursos, de modo que, com o tempo, possamos fazer mais e melhor. Para isso, temos trabalhado bastante e seguimos confiando na Providência Divina para que novas “portas” se abram a esse projeto. Nesse sentido, peço que incluam essa iniciativa em suas orações.
Por fim, em nome da nossa Equipe de Redação e da Diretoria da Associação SIGNIS Brasil, agradeço todo o apoio que temos recebido desde o anúncio da criação da Agência de Notícias SIGNIS. Esperamos, de fato, corresponder a essa confiança e contribuir para dar visibilidade a uma Igreja no Brasil sempre mais profética, capaz de testemunhar autenticamente o Evangelho de Cristo como luz para superarmos toda crise em que está mergulhada a nação brasileira.
Luis Henrique Marques
Jornalista e editor-chefe das revistas Cidade Nova e Ekklesía Brasil, da Editora Cidade Nova. É mestre em comunicação e doutor em história pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e tem pós-doutorado em comunicação pela Faculdade Casper Líbero. Foi secretário da Diretoria da SIGNIS Brasil no triênio 2020-2022 e editor-chefe da Agência SIGNIS. Blog profissional: prof-luis-marques.webnode.com
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