Dia Mundial de Oração é comemorado nesta sexta, 4 de março
Estabelecida em 1968 por um grupo de mulheres cristãs, a data é celebrada hoje em 170 países com o objetivo de promover o aumento das obras missionárias e favorecer a partilha de experiências entre fiéis religiosos de todo o mundo
Por iniciativa de um grupo de mulheres cristãs dos Estados Unidos e Canadá, no início do século 19, foi criado o Dia de Oração com o objetivo de conscientizar as pessoas de que o ato de orar implica um agir efetivo no auxílio de causas sociais. A partir de 1968, o dia hoje celebrado em 170 países, ganhou uma data móvel – a primeira sexta-feira de março – e assumiu como objetivo central promover o aumento das obras missionárias e favorecer a partilha de experiências entre fiéis religiosos de todo o mundo. Não é uma data destinada a uma religião específica, mas a todas as crenças que utilizam a oração como prática. No Brasil, o Dia Mundial de Oração começou a ser celebrado a partir de 1938 por um grupo de cristãos presbiterianos.
A Agência de Notícias SIGNIS ouviu o padre José Alem, missionário claretiano, que apresentou uma reflexão sobre a prática da oração. Confira:
“O peixe nada, o pássaro voa, o homem reza”, teria dito um grande pensador da Antiguidade Cristã, salienta padre José Alem sobre o fato de ser a oração uma prática fundamental da humanidade, em diferentes culturas, tradições religiosas e épocas. Ela revela a busca do sentido da vida em algo que transcende a própria existência humana, que, por isso, busca o diálogo com o Infinito (para muitos, Deus). Mais do que uma simples prática devocional, a oração expressa o fato de que o ser humano tem uma dimensão espiritual. “A oração sustenta de alguma maneira a vida das pessoas e está favorecendo a esperança, porque sabemos que existe Alguém em quem confiamos, que nos ouve e que nós da esperança”, afirma o religioso.
A oração na tradição cristã
Padre Alem explica que, na tradição cristã em especial, há uma riqueza muito grande e uma novidade absoluta no que diz respeito à oração. “Jesus revela um modo novo de orar, sobretudo porque Ele mostra a verdadeira face de Deus, que vem sempre ao encontro das pessoas; a resposta que damos a Deus é uma forma de oração”. Aliás, o próprio Cristo – conforme consta nas Escrituras – vive e ensina a experiência de oração, dado o fato de estar em contínuo diálogo com Deus. Essa é, pois, a grande novidade trazida por Jesus na sua relação com Deus: Ele se coloca na condição de filho e chama Deus de Pai. Nesse sentido, a oração é expressão de confiança, espontaneidade, liberdade. Com efeito, a vida de oração “é mergulho na intimidade com Deus”, define o sacerdote claretiano.
Mas padre Alem adverte que o cristão que ora verdadeiramente não se limita a reproduzir fórmulas ou a pedir coisas a Deus, mas coloca em comunhão com o Eterno Pai toda a sua vida. “Isso exprime uma atitude fundamental da fé, da esperança e do amor”, diz ele. Com efeito, a oração deveria ser vista como uma condição fundamental para uma vida plena, na medida em que Deus se revela à pessoa cada vez mais e, ao mesmo tempo, a pessoa conhece a si mesma de forma sempre mais profunda. Essa também é a experiência vivida e ensinada por muitos santos que, em diferentes situações de alegria, tristeza, provação, deram testemunho da presença de Deus em suas vidas a partir do diálogo realizado com Ele na oração.
Formas de orar
Padre Alem diz que, entre as muitas experiências, a oração é, antes de tudo, um momento de adoração a Deus. “É um momento de reconhecer que Deus é o nosso Senhor, Criador e, mais ainda, o nosso Pai, assim como a nossa posição de humildade diante Dele.” Essa é a primeira forma de oração que permite a pessoa experienciar a segunda maneira de rezar que é o louvor. “Louvar, de maneira absoluta e desinteressada, significa reconhecer Deus em tudo o que Ele faz por nós”; é como se fizéssemos um “elogio” a Deus, sabendo quem Ele é e que sempre nos ouve. O religioso diz que a oração é também um momento de gratidão por tudo o que recebemos de Deus diariamente.
“Com essa consciência, entendemos que oração é também pedido de perdão”, completa. De fato, temos com frequência muitas razões para pedir perdão nessa relação com Deus, uma vez que muitos são os nossos pecados, atitudes que nos distanciam Dele: orgulho, inveja, indiferença, falta de fé etc. A oração é ainda interseção na medida em que podemos apresentar a Deus as necessidades dos outros, o que inclui até os nossos inimigos. Padre Alem completa esse elenco de formas de rezar com a ação de graças, um agradecimento especial a Deus por existirmos, por tudo o que recebemos Dele – como os dons particulares, por exemplo – e o seu amor paterno por nós.
Oração como encontro e transformação
“Para mim, a oração é um movimento do coração; um simples olhar lançado ao Céu, um grito de reconhecimento e de amor tanto na provação como na alegria”, afirmou Santa Tereza d’Avila. Com efeito, como forma de comunicação, a oração pode se dar de diferentes meios de expressão. “Rezamos com o corpo, com a voz, com o silêncio, com o olhar, com a postura, com as atitudes e, sobretudo, com o nosso coração”. Nesse sentido, o missionário claretiano explica que oração, mais do que palavra, é encontro. Num encontro saudável, antes de dizer ao outro o que se quer dizer, é preciso “estar com ele”, reconhecer a sua presença e demonstrar querer estar com ele e saber ouvi-lo. No momento de oração, esse encontro dom Deus, isso não deveria ser diferente.
A oração é também um meio de transformação, que pode renovar a vida das pessoas em muitos aspectos. A esse respeito, padre José Alem chama a atenção para a oração do “Pai Nosso”, ensinada pelo próprio Jesus. “Essa oração é uma síntese do Evangelho”, define o sacerdote. Ele diz que se refletirmos em cada palavra que essa prece contém, encontramos um caminho para um programa de vida pessoal e para uma nova cultura. Essa oração se revela revolucionária justamente a partir do momento em que Cristo chama Deus de Pai, como argumentara antes nosso entrevistado. Com efeito, para ele, “orar é ir ao encontro de Deus que é Pai e Amor”.
Antes de concluir a conversa com a nossa reportagem, padre José Alem quis evidenciar o que consta no Catecismo da Igreja Católica sobre esse tema. Ele lembrou que essa obra fundamental da doutrina católica está dividida em quatro partes. A primeira é dedicada à fé, ao credo (busca dizer quem é o Deus em quem acreditamos); a segunda trata das expressões da fé reveladas continuamente na vida da Igreja, isto é, os sacramentos e ritos sacramentais e devocionais; a terceira parte é sobre como responder ao amor de Deus, o que podemos fazer cumprindo os Dez Mandamentos. Finalmente, a quarta parte é sobre a oração, dedicando-se especialmente a refletir sobre cada invocação que Jesus fez na oração do “Pai Nosso”. Segundo o padre Alem, a pedagogia do Catecismo implica levar o fiel a passar por todas as expressões centrais da fé (a profissão do credo, os sacramentos e os mandamentos) para aprender a rezar como Jesus rezou.
Padre Alem concluiu dizendo que somos eternos aprendizes da “arte de amar e da arte de orar”. O conhecimento de fórmulas de oração e de devoção não significa que não podemos aprender sempre a orar, o que ele considera um grande investimento para a vida por ser uma “terapia para o corpo, para a alma e para o espírito”. É também uma “socioterapia”, capaz de revolucionar todos os campos da vida humana e, mais ainda, uma forma de conhecer sempre mais quem é Deus verdadeiramente, cuja face tem sido continuamente deturpada ao longo da história. “O mundo está se desumanizando e a oração é um excelente e fundamental caminho para a nossa humanização.”
Comentários
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Lincoln Cordeiro
Louvado Seja Deus pela iluminação do Padre Alem para nos esclarecer mais e mais ajudando-nos a crescer na FÉ.
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Vadiney
Mariano, grande devoto de São José, estudioso e conhecedor da doutrina Católica, autor, mensageiro da fé Cristã, palestrante no qual não cansamos em ouvi-lo, pelo contrário, sempre se prepara para tal atividade quando é solicitado.
Que suas mãos Sacerdotal, sejam sempre abençoadas por Deus, pois nelas estão a nossa salvação. -
Maria de Lourdes Felipe de Moraes
Que benção poder ver está explicação, nós coloca mais próximo de Deus. Obrigado pe. Alem
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