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Em memória das vítimas do Holocausto

Data criada pela UNESCO lembra milhões de pessoas torturadas e mortas nos campos de concentração da Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial

Há 3 anos - por Luís Henrique Marques
Fachada de Auschwitz, na Polônia: um dos principais cenários do Holocausto produzido pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial
Fachada de Auschwitz, na Polônia: um dos principais cenários do Holocausto produzido pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial (foto por Google Imagens/ Público)

“Marcados na pele, feito gado, bicho com destino selado para a tortura, para a câmara de gás e a morte. Assim cerca de 1,1 milhão de pessoas foram tratadas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), brutalmente assassinadas nos campos de concentração de Auschwitz, na Polônia, próximo da capital Cracóvia, pelo exército de Adolf Hitler”. Essa descrição encontra-se no livro Mulheres extraordinárias, da jornalista e repórter da Agência de Notícias SIGNIS, Karla Maria. Ela faz parte da introdução da seção intitulada “Ruth”, que apresenta o relato da judia Ruth Sprung, nascida na antiga Iugoslávia e uma entre aqueles sobreviventes do Holocausto que vieram para o Brasil em busca de um recomeço.

Nem todas as pessoas aprisionadas pelos nazistas, no entanto, tiveram a mesma sorte de Ruth. Milhões delas foram mortas entre aquelas levadas aos campos de concentração. Para guardar o respeito em memória dessas vítimas, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) criou, em 2005, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, celebrado hoje, 27 de janeiro. A escolha da data – criada pela resolução 60/7, de 1º de dezembro daquele ano e aprovada em assembleia geral – se refere ao dia em que as tropas do exército russo tomaram o campo de concentração de Auschwitz e libertaram os prisioneiros daquele que foi o maior campo de extermínio das pessoas perseguidas pelo nazismo. Entre esses, os judeus eram a maioria (estima-se que mais de seis milhões foram mortos pelo Holocausto). Mas foram perseguidos também negros, homossexuais, ciganos, Testemunhas de Jeová, todos considerados inferiores pela ideologia nazista.

“Para Hitler, existiam três raças: as ‘fundadoras’ ou superiores, representadas pelos povos germânicos; as ‘depositárias’, pelos povos eslavos, e as ‘destruidoras’ ou inferiores, que tinham nos judeus o exemplo paradigmático”, explica em artigo a professora Maria Francisca Topel, antropóloga e pesquisadora do Programa de Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaica da Universidade de São Paulo (USP), citada pela jornalista Karla Maria em sua obra Mulheres extraordinárias. “Obcecado com o ideal de pureza racial, Hitler compreendeu a História como uma permanente luta entre as diferentes raças, na qual a raça superior devia utilizar todos os meios necessários para manter sua pureza”, continua a antropóloga.

A então pequena Ruth Sprung e sua família não chegaram a ir para Auschwitz, porque fugiram antes. Capturados, foram levados para o campo de concentração de Castelnuovo Don Bosco, próximo a Turim, sendo depois transferidos para outro campo de concentração, o de Ferramontti di Tarsia, na região de Consenza, no sul da Itália. Escaparam novamente de seguir para Polônia – onde possivelmente teriam morrido -, porque Benito Mussolini não atendeu o pedido de Hitler para transferir prisioneiros judeus para Auschwitz. “A nossa esperança era de que alguém viesse nos salvar”, conta Ruth à jornalista Karla Maria. Desejo que foi, afinal, realizado. A luta, agora, é para que momentos tristes e vergonhosos como esse da História jamais se repitam. A memória desses fatos e a consciência sobre eles é o primeiro passo nesse sentido.

Sobre o livro Mulheres extraordinarias, de Karla Maria, Editora Paulus, 2017:

Escrito com apuração jornalística e sensibilidade feminina, este livro é o encontro de perfis, reportagens e histórias de mulheres marcadas por dramas sociais, raciais e morais. Mulheres que confiaram à jornalista lágrimas e sorrisos, tombos e superações, denúncias de maus-tratos, preconceito e desespero. Desabafos de fé, de luta e conquista. Nestas páginas estão mulheres extraordinárias que marcaram os 15 anos de carreira profissional desta jornalista, que elegeu as "periferias existenciais" como sua grande redação. Conta também bastidores de algumas reportagens, aventuras pelos rincões do país, os dilemas e o medo que às vezes visita o fazer jornalismo. Eis uma boa leitura para aqueles que apreciam boas histórias e o bom e humano jornalismo.

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