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Haiti: 'não o deixem só', apela o Papa

Unida à voz de Francisco, missionária no Haiti contou a Agência SIGNIS que a situação é cada dia mais instável e delicada: "Todos correm risco de morte".

Há 3 anos - por Cléo Nascimento
Escombros de casa em Les Cayes, no Haiti, após terremoto de agosto. País sofre sequentes crises e tragédias.
Escombros de casa em Les Cayes, no Haiti, após terremoto de agosto. País sofre sequentes crises e tragédias. (foto por Ir. Liani Postai)
O Papa Francisco fez um apelo em favor do Haiti, durante a tradicional oração do Angelus, neste domingo (31). Referindo-se às últimas tragédias e crises, o pontífice criticou o cenário de abandono pelo qual passam os haitianos.
 
“Peço aos responsáveis das nações que apoiem este país, não o deixem só”, pediu Francisco orientando também aos fiéis para que busquem mais informações sobre a situação do Haiti e que rezem por sua população
 

Crise e Violência

 
A súplica do Papa Francisco é também a voz de quem está no Haiti para amenizar o sofrimento do povo.
 
Em agosto, a Agência Signis entrevistou a missionária Ir. Liani Postai, logo após o terremoto de magnitude 7,2, que deixou mais de 2 mil pessoas mortas e outras milhares feridas. Nesta segunda-feira(1), fizemos um novo contato com a religiosa da Congregação das Irmãs de Santa Catarina de Alexandria, que nos contou sobre as condições do país neste momento.
 
Por meio de mensagem de áudio - melhor recurso para obter informações, já que o sinal de internet sofre constante oscilação - Ir. Liani explicou que o momento é delicado e a instabilidade aumenta a cada dia. Antes mesmo do tremor, outra crise já abalava o país, a política. Desde o assassinato do presidente da república, Jovenel Moïse, em julho, o país tem sido controlado por grupos e gangues que, com força e violência, organizam sequestros, seguram a distribuição de combustíveis e, recentemente, até mesmo gás de cozinha.
 
"Com isso, aos poucos, tudo está parando", desabafa Ir. Liani. Mercados estão deixando de receber mantimentos, faltam oxigênio e medicamentos nos hospitais, os deslocamentos estão cada dia mais difíceis, inclusive dos profissionais de saúde.
 
"Todos correm risco de morte. Até as escolas são invadidas, onde ferem e matam sem dó nem piedade. O direito de ir e vir não existe mais. A fome está aumentando a cada dia. Nós missionárias e missionários que estamos caminhando juntos e sofrendo com este povo que tanto sofre nos unimos à voz do Papa Francisco para implorar socorro e ajuda das nações para que volte a paz, a dignidade, o respeito à humanidade deste povo", apela a missionária.

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