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CPT: governo quer consolidar "educação para poucos"

Em nota, entidade defende ampliação do ensino e pesquisa e repudia divisão dos Institutos Federais.

Há 3 anos - por Cléo Nascimento
CPT: governo quer consolidar "educação para poucos"
A Comissão Pastoral para Terra (CPT) divulgou, nesta quinta-feira (9), uma nota repudiando a tentativa do governo federal em dividir os Institutos Federais, criando outras reitorias, mas não novas vagas, cursos ou campus.
 
O documento, assinado pela Coordenadoria Executiva da CPT, fala do empenho da Comissão por "educação pública, gratuita e de qualidade para os povos do campo e da cidade", critica a estrutura do sistema educacional brasileiro e reforça a necessidade de ampliar o acesso das populações do campo ao ensino, reforçando o papel dos Institutos, como "espaço fundamental para a ampliação do ensino, pesquisa e extensão no país, oportunizando maior democratização e construção do saber".
 
O texto desaprova a intenção do Ministério da Educação em desmembrar 11 Institutos Federais e acusa o governo de favorecer uma "educação para poucos", em referência à fala do Ministro Milton Ribeiro em uma entrevista, no dia 9 de agosto.
 
A entidade encerra reivindicando a ampliação e "criação de novos campi para os povos da terra, das águas e das florestas, como um dos meios para garantir a esses povos ainda mais acesso à educação pública, gratuita, de qualidade e que valorize seus saberes".
 
Confira, abaixo, a íntegra da nota:
 

Nota de Repúdio aos ataques do governo aos Institutos Federais e à educação brasileira

No Brasil, a luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade para os povos do campo e da cidade não é de agora. Ao longo de décadas, organizações e movimentos sociais do campo levantaram a bandeira da educação em conjunto com a luta pela Reforma Agrária e pelo reconhecimento de territórios tradicionais como caminho para a justiça social e o fortalecimento dos espaços democráticos, ainda mais em tempos de perseguição, violência e privação de direitos.

Os povos da terra, das águas e das florestas foram historicamente perseguidos por estereótipos que lhes classificaram como inferiores e atrasados. O sistema educacional brasileiro, por muito tempo, foi um dos responsáveis por reproduzir essa lógica perversa contra as populações do campo. Nesse contexto, criar ou ampliar o acesso desses povos aos espaços formais de ensino e educação são lutas por meio das quais se busca o respeito à existência e o fortalecimento dos saberes e conhecimentos dessas populações. Os Institutos Federais fazem parte desse cenário.

Componente da rede de Educação Profissional pública, estabelecida em 2008 pela Lei no. 11.892, os Institutos Federais se constituem como um espaço fundamental para a ampliação do ensino, pesquisa e extensão no país, oportunizando maior democratização e construção do saber. Atualmente o Governo Bolsonaro, em mais um ataque à educação pública, tenta desmembrar onze Institutos Federais, querendo consolidar aquilo que seus ministros apresentam em suas falas: “educação para poucos”. A divisão dos Institutos, sendo a maior deles localizada na região Nordeste, relaciona-se à arbitrária indicação de reitores pelo presidente da República.

Diante disso, a CPT repudia todos os ataques que vem sofrendo a educação brasileira e, de modo especial, os Institutos Federais. A CPT também reafirma a urgência e a necessidade da ampliação e da criação de novos campi para os povos da terra, das águas e das florestas, como um dos meios para garantir a esses povos ainda mais acesso à educação pública, gratuita, de qualidade e que valorize seus saberes.

Goiânia (GO), 09 de setembro de 2021.

Coordenação Executiva Nacional da CPT

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