COP26: Papa Francisco e seu apelo por ações urgentes e conjuntas
Em mensagem, pontífice diz que medidas em favor do meio ambiente não devem mais ser adiadas e precisam contemplar países em vulnerabilidade
Há 3 anos - por Cléo Nascimento
Desde o último domingo (31), líderes de todo o mundo estão reunidos em Glasgow, na Escócia para a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que segue até dia 12 de novembro. Mesmo não estando presente fisicamente, o Papa Francisco tem acompanhado o evento e, na terça-feira (2), enviou uma mensagem ao presidente da cúpula, Alok Sharma.
No texto, lido pelo chefe da delegação da Santa Sé, o secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Piero Parolin, o Papa, mais uma vez, deixa aflorar o espírito de sinodalidade que acompanha seu pontificado: "Nosso mundo pós-pandêmico será necessariamente diferente do que era antes da pandemia. É esse mundo que devemos construir agora, juntos , a partir do reconhecimento dos erros do passado".
Francisco alerta que as metas estabelecidas no Acordo de Paris são inadiáveis e só poderão ser atingidas se houver uma ação "de forma coordenada e responsável". E, aos países que dispõe de mais recursos, apela por maior empenho e apoio àqueles em situação de vulnerabilidade, especialmente os que mais sofreram os impactos das mudanças climáticas.
O exemplo
O Papa também recorda que a própria Santa Sé se comprometeu, em dezembro de 2020, durante Cúpula sobre o Clima, em adotar uma estratégia em dois níveis para zerar as emissões de dióxido de carbono.
"O compromisso do Estado da Cidade do Vaticano em atingir este objetivo até 2050, e o compromisso da Santa Sé em promover a educação para a ecologia integral, consciente de que as medidas políticas, técnicas e operacionais devem se unir a um processo educativo que, sobretudo entre os jovens, promova novos estilos de vida e fomente um modelo cultural de desenvolvimento e sustentabilidade centrados na fraternidade e na aliança entre o ser humano e o meio natural."
Outra ocasião presente no discurso, foi a do dia 4 de outubro passado, quando o pontífice, líderes religiosos e cientistas assinaram um Apelo Conjunto em vista da COP26.
"Vozes muito diferentes, com sensibilidades muito diferentes. No entanto, o que emergiu claramente foi uma convergência notável sobre a necessidade urgente de uma mudança de direção, uma resolução decisiva de passar da "cultura do descarte" prevalente em nossas sociedades para uma "cultura do cuidado" por nossa casa comum e seus habitantes, agora e no futuro".
"Dívida Ecológica" e dívida externa
Francisco apela para que haja uma atenção especial "às populações mais vulneráveis, com os quais existe uma crescente ‘dívida ecológica’ ligada tanto aos desequilíbrios comerciais com consequências ambientais, quanto ao uso desproporcional dos recursos naturais do próprio e de outros países".
"A 'dívida ecológica' levanta, de certa forma, a questão da dívida externa, cujo ônus muitas vezes impede o desenvolvimento dos povos", diz o papa, sugerindo que sejam viabilizadas negociações para o perdão dessas dívidas, ao passo que os países desenvolvidos ajudem a "pagar a dívida ecológica, limitando significativamente seu consumo de energia não renovável e ajudando os países mais pobres a apoiar políticas e programas de desenvolvimento sustentável”, pedido já feito na Encíclica Laudato Si'.
Francisco sabe que ainda há um longo percurso pela frente, mas sua postura não é a da indiferença. Ao contrário, se põe no caminho e chama para si a responsabilidade de construir um mundo melhor. Para além de uma agenda verde, ele se apresenta à COP26 comprometido com Jesus Cristo. Seu programa de ação é claro e conhecido, o próprio Evangelho. É a partir dele que enxerga algum futuro, dentro de uma proposta integral que não exclui, ao contrário, convida a caminhar juntos.
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